A medicina é uma área que
exige muito estudo e dedicação,
lidando diretamente com a saúde
e bem-estar das pessoas. Sem
exageros, para ser um bom mé-
dico, uma das inúmeras exigên-
cias é a necessidade de estudo
contínuo e treinamento prático
durante uma vida inteira.
Com o avanço da tecnologia
e a popularização das redes so-
ciais, muitos pacientes têm bus-
cado informações sobre doenças
e tratamentos na internet. É im-
portante, no entanto, lembrar
que nem tudo que se encontra
na rede é confiável e que o “Efei-
to Dunning Kruger” pode ser um
grande problema nesse contexto.
Em 1999, os pesquisadores
americanos David Alan Dunning
e Justin Kruger descreveram o
chamado “Efeito Dunning Kru-
ger”, um fenômeno psicológico
que se refere à tendência de
pessoas com baixo conhecimen-
to ou habilidades em determinado assunto acreditarem que
sabem mais do que realmente sabem. Pessoas não capacita-
das em um assunto que superestimam suas competências em
questão. Isto pode ser perigoso na área da saúde, pois muitos
pacientes podem se autodiagnosticar e até mesmo se autome-
dicar com base em informações encontradas nas diversas pla-
taformas das redes sociais.
WhatsApp, YouTube, Instagram, TikTok, Twitter, sem exce-
ções, são inundados diariamente com vídeos e textos com pro-
fissionais médicos e não médicos discorrendo sobre patologias
e tratamentos com os quais possuem pouca ou nenhuma ex-
periência. Junte-se a isso tudo um bom marketing, a ânsia de
lucro rápido e a falta de fiscalização, levando a consequências
desastrosas para a saúde da população.
Exemplos de como informações inadequadas produzem efeito
negativo na vida das pessoas e assombram a boa prática médica
são o estímulo e a prescrição por profissionais mal-intencionados
do uso de hormônios para fins estéticos e de aumento de per-
formance (“chip da beleza”). Trata-se de terapia sem estudos de
segurança adequados e associados a diversos efeitos colaterais
graves que trazem risco à saúde.
O gráfico produzido pelos pesquisadores David Alan Dunning
e Justin Krueger é a representação do paradoxo socrático: “Só
sei que nada sei”. Quanto mais sabemos de um assunto, maior
a consciência de quanto falta saber. Essa é a montanha russa
da aquisição do conhecimento científico. No início da vida aca-
dêmica, rapidamente atingimos o auge da confiança, com pouco
conhecimento acumulado. E, de repente, essa confiança despenca em queda livre após a descoberta da verdadeira complexidade
das Ciências Médicas, só elevando-se novamente no meio para o
fim do exercício da profissão.
Por fim, a Associação Paulista de Medicina – Regional de São
José do Rio Preto ressalta que a medicina é uma ciência comple-
xa e que o diagnóstico e tratamento de doenças devem ser feitos
por profissionais capacitados e experientes. As redes sociais po-
dem ser uma ferramenta útil para a divulgação de informações
e conscientização sobre doenças, mas não devem substituir a
consulta e a orientação de médicos engajados com o bem-estar
da população
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