A história da saúde pública no Brasil começa com a che-
gada dos colonizadores, quando os problemas sanitários fi-
caram mais graves e a busca de soluções iniciou. Durante
os 389 anos do Brasil Colônia e Império, pouco ou quase
nada se fez pela saúde pública.
A República trouxe esperança de avanços. Com o fim da
escravidão, o país começou a depender dos imigrantes para
o trabalho nas lavouras de café e nas fábricas. O crescimen-
to do país dependia de uma população saudável e com ca-
pacidade produtiva. As campanhas sanitárias comandaram
este período, com destaque para o médico Oswaldo Cruz,
que enfrentou revoltas populares, mas convenceu o Estado
a tornar obrigatória a vacinação contra a varíola.
Nos anos 20 surgiram as CAPs (Caixas de Aposentado-
rias e Pensões), criadas pelos trabalhadores para garantir
proteção na velhice e na doença. A Lei Eloy Chaves, de
1923, garantiu essa modalidade de seguro a todas as em-
presas com mais de 50 empregados. Na década de 30,
Getúlio expandiu o atendimento para outras categorias
profissionais e transformou as CAPs em IAPs (Institutos de
Aposentadorias e Pensões). O período getulista promoveu
reformulações importantes no sistema e a atuação passou
a ser mais centralizada, focada nas pandemias e endemias.
A Constituição de 1934 trouxe aos trabalhadores novos
direitos, como a assistência médica e a licença à gestante.
Em 1943, veio a CLT que, além dos benefícios à saúde,
criou o salário-mínimo e outras garantias trabalhistas. Em
1953, foi criado o Ministério da Saúde, que se ocupava
principalmente das políticas de saúde de atendimento nas
zonas rurais, enquanto, na cidade, o acesso era privilégio
dos trabalhadores com carteira assinada.
Com o golpe militar, os governos priorizavam a segu-
rança e o desenvolvimento. Mais uma vez a saúde sofreu
com a redução das verbas e doenças como dengue, me-
ningite e malária se intensificaram. Diante das epidemias
e do aumento da mortalidade infantil, o governo teve que
ir atrás de soluções.
Em 1966 nasceu o INPS, com a missão de unificar os
órgãos previdenciários e melhorar o atendimento médico.
Nos anos 70, surgiu o FAS, fundo composto por recursos
da loteria esportiva, que destinava parte do dinheiro à
saúde. Mesmo assim, no auge do “milagre econômico” do
Brasil, as verbas para a saúde representavam apenas 1%
do orçamento geral da União. A piora dos serviços públi-
cos deu força ao crescimento dos grupos privados e os
brasileiros entraram na roda viva da medicina suplemen-
tar. O “start” no processo de precarização do trabalho
médico é dado. A curto prazo, os médicos e a população
sofrerão perdas irrecuperáveis.
A 8ª Conferência Nacional de Saúde, em 1986, ampliou
os conceitos de saúde pública no Brasil e propôs mudanças
baseadas no direito universal à saúde, com melhores con-
dições de vida. A sociedade abriu os olhos para o valor de
ações em saneamento, medicina preventiva, descentraliza-
ção dos serviços e participação nas decisões. A Conferência
foi tão importante que serviu de base para elaborar o capí-
tulo de saúde na Constituição de 1988 e para criar o SUS.
“Declaro promulgada. O documento da liberdade, da
dignidade, da democracia, da justiça social do Brasil. Que
Deus nos ajude para que isso se cumpra!”, sentenciou o
presidente da Assembleia Nacional Constituinte, Ulysses
Guimarães, enquanto erguia a Constituição de 1988. Ape-
sar de muitos avanços e conquistas, a busca de soluções
não cessou. Uma nova era da saúde do Brasil se iniciou.
Viva o SUS!
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